Dória e Alckmin serão Pinóquio e Geppetto?

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Na clássica fábula, o boneco de madeira era carismático e conseguiu ganhar vida própria, para alegria de seu criador. Na vida real, contudo, vemos no cenário político uma criatura que assombra seu criador por insistir em ter vida própria.

Não é segredo para ninguém que João Dória foi criação política de Alckmin, para a prefeitura de São Paulo. Muitos alertaram que, na política desde 1988 (quando nomeado pelo Governo Sarney), o agora ex-prefeito João Dória Júnior não era lá muito confiável. Com o discurso de “não político”, escondia seu passado na Embratur – de onde saiu com acusações de corrupção – e já recomeçava com uma mentira.

O eleitor de São Paulo não demorou muito para atestar que a suspeitas tinham fundamento. Os mais cuidadosos, dando ouvido aos alertas, pressionaram o então candidato a prefeito da grande capital a assinar termos de compromisso com a cidade. O principal compromisso era não deixar a Prefeitura para concorrer ao cargo de governador.

Promessas feitas e prefeitura conquistada, o que o paulistano pôde ver foi uma saga nacional para derrubar os projetos de seu criador. Alckmin, contudo, para não ficar de Geppetto derrotado, moveu-se em garantir sua chance de disputa presidencial. Com forte apelo publicitário (já muito dinheiro gasto) e muitas discussões com o eleitorado – que não queria aceitar ração na merenda escolar, não se agradou das denúncias de maus tratos aos cidadãos em condição de rua, enquanto doadores de remédios vencidos recebiam milhões em renúncia fiscal. Pinóquio, ou melhor, Dória resolveu ignorar os compromissos públicos assinados e deixou o cargo municipal para se lançar ao governo estadual paulista.

Desde então, seus sósias tem lhe seguido. Nesta sexta feira, o ex-prefeito foi recebido por dois pinóquios infláveis no Café Carioca de Santos. Com gritos que contundentes contra si, em fortes alto falantes, a criatura de Alckmin teve compromissos com representantes locais em tom bem carregado (juntamente com o ministro de Temer, Gilberto Kassab, do PSD, também ex-prefeito de São Paulo).

https://www.youtube.com/watch?v=0yoXHEU8JUc

Para quem não lembra, em abril, Dória já tinha sido recepcionado pelos seus dois sósias, no dia de sua renúncia (06/04), irritando-se e tentado dar voz de prisão aos manifestantes.

Talvez segurando verbas pro período eleitoral, suas campanhas publicitárias minguaram e parece que, junto com elas, sua imagem definha para o paulistano. Será por isso que, também a imagem do Alckmin, não emplaca nas pesquisas? Com apoio interno no DEM, Dória ainda pressiona a candidatura de Alckmin à presidência, quer tomar o seu lugar, e não é com alegria que seu criador vê a sobrevida de sua criação. A política não é um conto infantil, mas tudo pode acontecer.

Em todo caso, parece-nos que o resto do país não vai comprar a história do Pinóquio e do Geppetto de São Paulo.

Texto de Mário Breves.


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