Segurança Pública: O grande paradoxo e o exemplo do Ceará.

Gostou? Compartilhe!

O Ceará, em 27 de janeiro deste ano, enfrentou um forte trauma. Integrantes de um grupo criminoso invadiu conhecido clube, “Forró do Gago”, e abriu fogo, levando 14 pessoas à morte e deixando outras dezenas feridas. O caso ficou conhecido como Chacina de Cajazeiras (nome do bairro onde ficava o clube).

O crime teve repercussão internacional. Os agentes, supostamente, seriam integrantes da facção criminosa conhecida como GDE (Guardiões do Estado). Não houve confirmação, ainda, se as vítimas da chacina estariam envolvidas em crimes ou são membros de organizações criminosas rivais.

Conforme o policial Leonardo Barreto, diretor da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a polícia prendeu 11 suspeitos. Nesta sexta feira, foi capturado o integrante que faltava, dos responsáveis pelo crime: Auricélio Sousa Freitas, o Celinho, foi o último a ser preso é apontado pela polícia como chefe e um dos fundadores da facção criminosa.

Com a prisão, a polícia do Ceará põem fim à uma grande operação de busca ocorrida em todo Estado, dando grande lição à outros Estados. Um dos piores índices e criminalidade do País, o Ceará vem investindo pesado em segurança pra deixar esta posição no grupo. O resultado desta operação e os índices de sequestro levados à quase zero são uma amostra de um modelo que parece dar resultados. Mas por que permanecem como um dos piores Estados no mapa da violência?

Além de ter a polícia mais bem remunerada do país, novas contratações de tecnologia, com a inauguração de novos centros de integração e inteligência no sistema, vêm marcando as tentativas de avanço sobre o crime.

Encerrando-se o ciclo de uma nova amostragem em junho, os índices de violência no Ceará regrediram em diversos setores. Em crimes como furto e roubos de cargas, de bancos, ou a veículos e residências, em comparação ao mesmo período do ano passado. O levantamento destaca que houve aumento na quantidade de armas de fogo apreendidas; Aumento também nos autos de apreensão em flagrante por tráfico de drogas, por crime violento ao patrimônio e por porte, posse e comércio de armas de fogo.

Um novo parque tecnológico passou a funcionar em praticamente todo o interior do estado.

Dados da própria Secretaria da Segurança mostram também uma redução no número de homicídios em junho deste ano. No entanto, no acumulado de janeiro a junho, há um aumento de 3,5% em relação ao mesmo período de 2017, um ano com recorde de violência no estado. Uma queda de braço que reflete o encontrado por todo território nacional e tem constrangido os governos regionais.

Laboratório Integrado de Segurança Pública (LISP)

Para não ceder e tentar melhorar os índices, o Ceará tem se mobilizado de uma forma diferente. O investimento é na melhora da infraestrutura do serviço policial, na contramão de alguns estados que tentam organizar o orçamento para contratação de novos agentes, ou recorrer à auxílios do Governo Federal.

Conforme solenidade oficial ocorrida em 05 de julho, na sede da Superintendência da Polícia Federal do Ceará, o Estado vai sediar o maior e mais equipado centro de ações integradas de pesquisa, estratégia e inteligência em segurança pública da América Latina.

O LISP vai abrigar aproximadamente 250 pesquisadores, que terão à disposição 220 estações de trabalho, abertas à possibilidade de expansão e distribuídas em um prédio com 5.000 m² de área construída. O objetivo é arregimentar um grande centro de informações (Big Data), desenvolver novas tecnologias para o combate ao crime e aprimorar as já existentes. Serão investidos R$ 15 milhões na construção do laboratório, que passará a integrar uma série de iniciativas voltadas à garantia de segurança pública aos cidadãos, após uma parceria exitosa que vem sendo desenvolvida entre a Polícia Rodoviária Federal, a Universidade Federal do Ceará e a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social.

Na ocasião, o Superintendente Regional da PRF no Ceará, Marcos Sena, explicou que o Ceará vem sendo referência nacional em pesquisa e estratégia em segurança pública. “A PRF Investiu em tecnologia para não deixar a população desamparada e, mesmo assim, havia a necessidade de avançar. Com inovação e parceria com órgãos como Dnit, a Secretaria de Segurança Pública e Universidade Federal do Ceará, implantamos novos programas e obtivemos resultados positivos”, detalhou, ao comentar sobre como surgiu a ideia de implantar o LISP.

O Grande Paradoxo

O governador Camilo Santana destacou que, mesmo o Ceará sendo o estado que mais tem investido em segurança pública, com contratação de novos profissionais e compra de equipamentos, é preciso investir em estratégia e inteligência. O Estado ainda é o que melhor remunera e matem uma das plataformas tecnológicas mais completas a serviço das investigações.

O Ceará é o Estado, nos últimos anos, que tem apresentado os melhores índices em educação, disparado dos outros Estados pela frequência com que lidera todas as listas comparativas, na medida em que são lançadas. Contudo, diante dessas duas realidades e a contrariá-las, a criminalidade não deixa de surpreender, igualmente, em sentido inverso.

Talvez porque, como salientado pelo Ministro da Justiça, Raul Jugmam, os problemas de violência enfrentados no estado são nacionais, e o país nunca contou com uma política nacional de segurança. “Agora, nós teremos o Sistema Único de Segurança Pública, com recursos assegurados, linha de crédito de R$ 40 bilhões do BNDES para investimentos na área, um instituto e uma escola nacional de segurança pública” – afirmou quando do lançamento do LISP.

A grande questão é que, com a realidade de escalada da violência que assola de norte a sul o país, assim como no projeto da educação, o Ceará parece-nos, novamente, o pioneiro em deixar o discurso e passar para a prática com grandes medidas.

Vale a pena acompanhar este exemplo e ver se o aparato policial colherá, ainda, os mesmos louros que tem sido oportunizados pelas escolas do Estado.

 

_______

Informações de “Ceara Agora” (edições de 06 de julho e de 15 de julho) e “site G1” (de 12 de julho) e “Ceará 1” (de 13 de julho)

Organização do conteúdo e opinião: Mário Breves.


Gostou? Compartilhe!