“Eu não conheço… Pode ter a maior diversidade institucional, fruto da variedade cultural da humanidade, [que] não conheci nenhum experimento exitoso de desenvolvimento, no planeta, que não tenha por detrás de si alguns fenômenos:
– Um […] sólido nível interno de poupança. A única exceção é a Norte América, que tem poupança zero e se desenvolve assim mesmo, desde o pós guerra, por uma atipia: imprime o dólar (que é reserva de valor), que não se realiza lá (o que seria a maior hiperinflação do mundo).
– Segundo, sólida coordenação estratégica entre um estado empoderado com um empreendedorismo ativo. […] Todo o protagonismo norte americano […] é esse encontro do empreendedor individual e a coordenação estratégica do governo norte americano.
Por que que a América é locomotiva da tecnologia do mundo? Por causa da encomenda aeroespacial e militar feita à trilhões de dólares pelo governo americano.
Por que que o aço americano agora está passando por um processo de reconversão [industrial]?
Porque o governo americano, desde o Reagan, que era ultraconservador na retórica (thatcherista), chamou lá (em uma reunião que eu conheço as atas) em Camp David e perguntou: ‘por que estamos perdendo a batalha para os japoneses?’, e dali saiu uma coordenação (!!), que mexeu com o horário de criança na escola para estudar matemática, até os padrões do motor de quatro cilindros dos estados unidos.
– E o terceiro movimento é um sólido investimento em gente!
Só há explicação possível, na imensa diversidade institucional do planeta, nestes três paradigmas.
O Brasil, está melhorando nos seus fundamentos de poupança, mas não é sustentável. Temos que consertar a previdência social e fundar entre nós um regime de poupança de longo prazo, que se vincule a um investimento em longo prazo.”
Ciro Gomes
Debate entre Ciro Gomes e Rodrigo Constantino no programa ‘Conversas Cruzadas’ (a partir de 21:30)