Um Tucano Sob Cerco: Richa se complica.

Governador Beto Richa assina autorização para licitação da construção do Hospital Regional e Delegacia Cidadã de Ivaiporã. Presentes, o secretário da Justiça e Cidadania, Artagão de Matos Leão Junior, o secretário da Comunicação Social, Marcio Villela, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano e o deputado estadual Alexandre Curi. Ivaiporã, 23/09/2016. Foto: Pedro Ribas/ANPr
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Já são públicas e variadas as notícias de que seu nome figura em delações explosivas. Réu em pelo menos um processo, o ex-governador e agora candidato a senador vem sendo investigado pelo Ministério Público (Federal e Estadual) e polícia federal em vários inquéritos, como os das operações Publicano, Quadro Negro, Superagui e outras. Em todos se encontram liames e referências de Richa com amigos próximos e parentes distantes – nenhuma destas contudo, fizeram-no sair da condição apenas de citado e/ou investigado.

Nesta quarta feira (18/07), contudo, após um fôlego do TJRP na terça, o Ex-Governador (pelo PSDB) enfrenta um novo problema.

A 4ª Câmara do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) adiou na terça, pela terceira vez, o julgamento do recurso do processo em que tanto Richa, pré-candidato ao Senado, quanto sua esposa, Fernanda Richa, foram condenados a restituir verbas utilizadas em uma estadia em Paris, em 2015. Desta vez, o motivo foi a licença da presidente do colegiado que retorna para as atividades a partir da próxima quarta-feira (25). Agora, o processo deve voltar para pauta no dia 31 de julho.

Na quarta, então, um amigo de infância do ex-governador do Paraná Beto, o ex-deputado estadual Tony Garcia, perto de fechar aquele que vem sendo considerado o maior acordo de delação premiada do Paraná, entregou ao Ministério Público diversas gravações de conversas com o antigo chefe e com membros de sua equipe.

As Acusações

Preso pela Operação Quadro Negro, que investiga desvios de cerca de R$ 20 milhões da Secretaria estadual de Educação do Paraná, o dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, que faz acordo de delação premiada, acusou o governador Beto Richa e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Ademar Traiano, de participarem de um esquema de pagamento de propina.

Eduardo afirmou que parte dos desvios de dinheiro descobertos pela Quadro Negro serviriam para bancar as campanhas do governador. Segundo as investigações, a fraude contou com a ajuda do ex-diretor da Secretaria da Educação, Maurício Fanini, que se dizia amigo pessoal de Beto Richa. A equipe chefiada por ele era responsável por produzir relatórios sobre o andamento das obras contratadas junto à Valor. As medições eram falsas porque não poderia faltar dinheiro para a campanha.

Segundo o empresário, os dois esperavam levantar R$ 32 milhões para o governador, com os contratos que a Valor fechou com o poder público. Dono da Valor, Souza contou aos investigadores que, entre abril e setembro de 2014, ele fazia os repasses diretamente a Fanini, na sala dele, no prédio da Superintendência de Educação. O empresário contou que entrava por uma porta lateral e Fanini dizia “banheiro”. Assim, Souza ia até o vaso sanitário e pegava uma mochila, que enchia de dinheiro.
O empresário afirmou que, em dado momento, perguntou a Fanini se o dinheiro realmente estava indo para a campanha de Richa. O ex-diretor teria dito que sim. Com a sequência das operações entre os dois, o volume de dinheiro começou a ficar muito alto. Conforme o relato de Souza, ele e Fanini começaram a se preocupar e pensaram em uma alternativa que consideraram mais segura. Souza conta que passou a entregar o dinheiro com caixas de vinho. Ele diz que, das 12 garrafas, tirava 10 e preenchia o espaço aberto com o dinheiro.

Para dar garantias ao empresário, Fanini sempre afirmava ser amigo pessoal de Beto Richa. Em novembro de 2014, o ex-diretor da Secretaria da Educação contou que viajaria com o governador. Ambos levariam as mulheres para passear no Caribe, no México, e em Miami, nos Estados Unidos. Fotos dessa viagem fazem parte de uma ação ligada às investigações da Operação Quadro Negro.

Em depoimento, Souza disse que começou a pagar uma mesada de R$ 100 mil para o governador. Em janeiro de 2015, Fanini o chamou para dizer que teve uma reunião com Richa e ficou acertado que precisariam levantar a quantia. Contou também que ficou acertado que ele também deveria ajudar na campanha do deputado Ademar Traiano à reeleição. Ele se comprometeu a dar R$ 100 mil para o caixa dois. Ele levou o dinheiro em uma mala no gabinete da liderança do governo na Alep.

O esquema seria mesmo sem conseguir fazer as obras das escolas, a Construtora Valor receberia mais dinheiro do que estava nos contratos. Esses valores adicionais chegaram a quase R$ 6 milhões em 2014 por meio de aditivos. Parte do dinheiro, afirmou o delator, saiu do caixa da Alep. Desde 2012, a Assembleia Legislativa tem feito cerimônias para a entrega de cheques milionários ao governo.

Foro Privilegiado

Já em abril, o Ministro Herman Benjamin, do STJ, determinou que fosse remetida a ação que corre contra Richa, à primeira instância da Justiça Federal do Paraná.

O processo é sobre denúncia de 2009, quando Richa era prefeito de Curitiba. Ele é acusado de suposto desvio de finalidade na aplicação verba federal de R$ 100 mil para reformar unidades de saúde entre 2006 e 2008.

A decisão foi tomada considerando que o tucano perdeu o foro privilegiado ao deixar o governo para concorrer a uma vaga no Senado – governadores têm a prerrogativa de responder a processo somente no STJ.

 

 

Informações de “Portal Paraná”, “O Contraponto” e “Jornal do Brasil”.


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