Jeremy Corbyn promete a social-democratas europeus construir ‘Europa socialista’

Jeremy Corbyn
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Com Informações O Globo

Líder do Partido Trabalhista britânico, cuja ascensão eleitoral vai na contramão da maioria das legendas de centro-esquerda do bloco, discursa em reunião em Lisboa

LISBOA – Um governo trabalhista no Reino Unido trabalharia para construir uma “Europa socialista” dentro e fora das instituições da União Europeia, disse Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista britânico. Falando em uma reunião de partidos da social-democracia europeia em Lisboa na sexta-feira, ele prometeu imitar o sucesso do governo de esquerda de Portugal, que reverteu parte das políticas de austeridade adotadas depois da crise de 2008 e obteve resultados econômicos positivos.
Corbyn disse que os partidos de centro-esquerda do continente precisam se livrar das “políticas neoliberais fracassadas” e encontrar soluções para os problemas das pessoas – ou serão deslocados pelos “populistas falsos da extrema direita”.

Em uma situação excepcional para a social-democracia na Europa, que tem sofrido derrotas eleitorais em vários países, o Partido Socialista Português está no topo das pesquisas para as eleições do próximo ano. Desde 2015, o partido governa em uma coalizão informal com apoio do Bloco de Esquerda, dos Verdes e do Partido Comunista, na chamada “geringonça”.

—Quero prestar homenagem à esquerda portuguesa como um todo, ao Partido Socialista Português e aos partidos que o apoiam no governo — disse Corbyn ao congresso do Partido dos Socialistas Europeus. — Porque foi essa aliança de forças progressistas em Portugal que tornou possível começar a virar a maré da fracassada economia da austeridade.

Corbyn acrescentou:

— Dentro ou fora da União Europeia, somos internacionalistas. Como socialistas e sindicalistas, trabalharemos juntos para ajudar a construir uma verdadeira Europa social: uma Europa dos cidadãos, uma Europa socialista, que fortaleça a solidariedade além das fronteiras, resista à erosão dos direitos e proteções e trabalhe em conjunto para ampliá-los para todos os trabalhadores, consumidores e o meio ambiente.

O líder trabalhista tem sido a atração principal em conferências de partidos europeus de centro-esquerda nos últimos anos, falando para auditórios lotados. A surpreendente reviravolta do Partido Trabalhista na eleição de 2017, quando teve 40% dos votos e quase derrotou o Partido Conservador da primeira-ministra Theresa May, contrastam fortemente com a performance eleitoral da maioria dos partidos de centro-esquerda em todo o continente. Na Alemanha, Holanda, França, Grécia e Itália, a social-democracia enfrenta baixas históricas, muitas vezes perdendo eleitores para a extrema direita.

— O que está em jogo não poderia ser maior. Se não conseguirmos cumprir a tarefa, abriremos caminho para o poder dos falsos populistas — disse Corbyn. —A extrema direita alimenta-se de medos provocados pela queda dos padrões de vida, a insegurança no trabalho e os serviços públicos subfinanciados. Mas ela desvia a culpa dos poderosos responsáveis pelo fracasso econômico e social.

A intervenção em Lisboa veio depois que Corbyn pareceu pender pela proposta de um novo referendo sobre o Brexit. Escrevendo no jornal “The Guardian” na sexta-feira, ele enfatizou a posição de seu partido de manter aberta “a opção de fazer campanha por uma votação pública para romper o impasse”.

Os trabalhistas dizem que poderiam negociar com a UE um relacionamento futuro melhor do que May. Mas é pouco provável que a UE aceite tal plano, já que o bloco tem afirmado que os diferentes aspectos do mercado único não podem ser escolhidos “a la carte”.


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