Vargas Netto: Desgaste de Bolsonaro virá do confronto entre Expectativa e Realidade

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Com informações Agência Sindical  e Monitor Digital

Para Vargas, do Diap, ‘para cumprir sua pauta neoliberal e conservadora, terá que desagradar milhões de trabalhadores’.


“Assim como o inverno rigoroso derrotou as tropas de Napoleão Bonaparte na Rússia, em 1812, o presidente Jair Bolsonaro também enfrentará o seu inferno glacial. O nome dele é realidade. Ou seja, as demandas por emprego, aposentadoria, salário, serviços públicos de qualidade, segurança, moradia e outros. “Como sempre, o embate será com a vida concreta”. A afirmação é do consultor sindical e membro do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) João Guilherme Vargas Netto.

Segundo ele, “embora ainda esteja no palanque eleitoral das mídias sociais, cada vez mais se aproxima o dia em que pão será pão e queijo será queijo; o governo terá que dizer a que veio, com ações e consequências. Para cumprir sua pauta econômica neoliberal e conservadora, terá que desagradar milhões de trabalhadores, fazendo-os pagar a conta dos rentistas na Previdência, nos salários e no crédito. Por mais que se empenhe em seu programa desorganizador das relações de trabalho, não criará empregos, em quantidade, nem de qualidade”.

Experiente analista da cena econômica, política e sindical, Vargas afirma: “A armadilha bolsonarismo e oposição foi o que deu vitória à direita. A contradição real é Bolsonaro versus vida concreta, do desempregado, de quem perderá direitos previdenciários, de quem ficou sem assistência com o desmanche do Mais Médicos, da classe média que cairá no financiamento habitacional a juros de mercado“.

Vargas observa que o presidente eleito, maliciosamente, tenta manter a agenda e as discussões que o levaram à vitória. E recomenda não cair nessa armadilha. Ele comenta, por exemplo, a pouca reação do sindicalismo e de setores da esquerda a agressões ao programa Mais Médicos, ao corte no valor indicado para o salário mínimo e frente ao aumento das passagens de ônibus em São Paulo – mais que o dobro da inflação.

Segundo ele, “a História ensina que quem luta com justiça, com inteligência e com persistência vence”.

“É de grande interesse para os trabalhadores e os dirigentes sindicais compreenderem a contradição entre o bolsonarismo e a realidade, ou seja, a contradição entre as expectativas despertadas no eleitorado e na sociedade por suas promessas e pregações e o que efetivamente fará o governo do capitão.

O silêncio mantido por ele e por seus executores a respeito do vasto mundo do trabalho é tão ensurdecedor que até mesmo a bomba da extinção do Ministério do Trabalho (e da Justiça do Trabalho e da Procuradoria do Trabalho) quase não fez barulho. O ministério, como o jornalista da Arábia Saudita, foi morto e despedaçado, sem que se saiba ao certo onde foram jogados seus restos e para quê.

(Para compreender as intenções do magarefe deve-se ler o artigo do Toninho do Diap, “O esquartejamento do ministério do Trabalho”, recentemente publicado.)

Bem fizeram as seis Centrais Sindicais reconhecidas quando, em carta aberta ao presidente (e aos outros poderes), reafirmaram suas posições de resistência e de relevância institucional, conclamando-o a um diálogo que é contrário à sua experiência e à sua prática e que ele aparenta não querer.

Os dirigentes e os ativistas sindicais de todas as entidades, ao compreender o alcance da contradição entre o bolsonarismo e a realidade devem, com unidade, garantir suas próprias existências, estreitar os laços com os trabalhadores (associados ou não) e indicar-lhes o caminho de resistência.

Por pior que seja a correlação de forças atual, a História ensina que quem luta com justiça, com inteligência e com persistência vence.”

Otimistas x Pessimistas

A sondagem realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apurou que 64% dos brasileiros estão otimistas com a mudança de governo e possuem a expectativa de que o país irá melhorar. Por outro lado, 13% estão declaradamente pessimistas com o futuro, 15% mostram-se indiferentes e 7% não souberam avaliar.

De modo geral, as principais razões para o sentimento de otimismo são o fato de o novo governo representar uma mudança ao que vinha sendo feito (70%) e a confiança de que políticos e empresários envolvidos em escândalos de corrupção continuem presos (42%). Há ainda 38% de entrevistados que nutrem esperanças na aprovação de reformas que o país precisa.

Embora haja um viés predominantemente otimista em relação ao ciclo político que se inicia, uma parte dos brasileiros teme que haja retrocessos. Entre os pessimistas, as principais alegações são de que o novo governo não dará prioridade aos anseios da população mais pobre (68%) ou de que haverá aumento da intolerância e do preconceito na sociedade (64%) e também de que as reformas necessárias para a economia não serão aprovadas (48%).

Indagados sobre os principais temores com relação ao novo governo, 40% citam o risco de perder direitos trabalhistas e previdenciários. Há ainda 39% de entrevistados que temem que o novo presidente não consiga reunir o apoio do Congresso para governar com tranquilidade e 35% que demonstram preocupação com o risco de o desemprego continuar elevado. Outra informação é que apenas 24% dos brasileiros consideram que a democracia corre perigo com o novo governo, ficando em oitavo lugar no ranking.


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