Guedes Ameaça Sair se não aprovar a sua Reforma da Previdência. Número de deputados a favor da Reforma cai.

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou que uma eventual desidratação da reforma da Previdência poderá fazer com que ele deixe o cargo. Durante cerimônia de posse do novo presidente do Banco Central (BC), parte da plateia ficou na dúvida se o comentário foi brincadeira ou um recado para a classe política.

O governo federal encaminhou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê uma economia de R$ 1,1 trilhão aos cofres públicos em 10 anos. Parte dos economistas, porém, acredita que as mudanças no Congresso Nacional devem amenizar bastante os efeitos, possibilitando ganhos de R$ 500 bilhões no período. Guedes afirmou que, se isso acontecer, não será possível implementar a alteração de regimes, de repartição para o de capitalização.

Segundo o ministro, o sistema atual está falido e não dá sustentabilidade às contas públicas para as futuras gerações. Guedes comparou o cenário a um avião que vai sem combustível atravessar o oceano. Enquanto a geração atual pula de paraquedas, as futuras gerações ficam na aeronave e vão para o “inferno”.

“Estamos num sistema (previdenciário) de repartição que quebrou. Faliu antes de a população envelhecer. Vocês querem trazer seus filhos para isso?”, afirmou. “Se der acima de R$ 1 trilhão, eu digo que estamos numa geração de pessoas responsáveis e têm a coragem de assumir o compromisso de libertar filhos e netos de uma maldição previdenciária. Se botarem menos, eu vou dizer assim: ‘Eu vou sair daqui rápido, porque esse pessoal não é confiável. Não ajudam nem os filhos; então, o que será que vão fazer comigo?’”, completou o ministro.

Guedes discursou de forma improvisada durante 40 minutos, mais do que o dobro do tempo das falas de Roberto Campos Neto, empossado para o cargo (Leia mais na página 9). “Como ele fez várias brincadeiras durante o discurso, não ficou claro se ele estava falando sério ou não”, disse um dos economistas presentes.

O ministro também disse que a proposta do pacto federativo é importante, mas admitiu que o envio pode ficar para outro momento, se houver a sensação de que está atrapalhando a reforma da Previdência. Ele ressaltou, porém, que o projeto faz parte de um plano abrangente para recuperar as contas públicas de estados e municípios que estão quebrados. A matéria propõe desvincular e desindexar as despesas obrigatórias do Orçamento Federal. Ou seja, desobrigar que a autoridade pública gaste em áreas como saúde e educação. Segundo Guedes, isso serve para dar protagonismo à classe política sobre a gestão de recursos.

Reforma da Previdência conta com apoio de 149 deputados

O texto da reforma da Previdência enviado pelo governo à Câmara tem hoje o apoio decidido de 95 deputados federais, de acordo com dados apurados e tabulados pela empresa de consultoria Atlas Político. Outros 54 parlamentares da Casa concordam com grande parte da redação, mas têm restrições a aspectos do projeto. Com isso, é razoável estimar que, se  fosse levada hoje à votação no plenário, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) defendida pelo presidente Jair Bolsonaro teria, pelo menos, 149 votos favoráveis, ressalvados os destaques (votações separadas de trechos segregados do texto principal, a pedido de bancadas partidárias), ou seja, não seria aprovado.

Resumindo  haveria hoje apenas 95 deputados totalmente a favor da proposta, 53 apoiando parcialmente, 219 indefinidos e 145 contrários à reforma. São necessários 308 votos para a aprovação. O ministro Guedes tinha falado anteriormente que teria 260 deputados a favor da sua proposta. 

Os critérios de apuração e contabilidade de votos do Termômetro da Previdência foram desenvolvidos pelo Atlas Político. A empresa contatou por e-mail, telefone ou presencialmente todos os deputados federais em exercício. Há casos de deputados que não responderam aos chamados do Atlas, mas se manifestaram publicamente sobre o assunto no noticiário ou em suas redes sociais. Em situações assim, o voto é contabilizado conforme a manifestação pública mais recente do parlamentar. Outra situação é de representantes que não responderam, mas pertencem a partidos que já se posicionaram sobre a reforma e que historicamente apresentam tendência de votar de forma unânime em temas dessa natureza. Em casos assim, o voto individual do deputado foi computado conforme a posição pública de sua agremiação.

Com informações Valor e EM





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