As muitas contradições do ministro Weintraub – parte 3

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Em uma semana desde a apresentação do ministro Weintraub no Senado, foram anunciados cortes draconianos em toda a educação, em particular, nas universidades e institutos federais. Em decorrência disso, o ministro foi convocado de volta ao congresso para prestar explicações, desta vez, na Câmara dos Deputados, hoje.

Em paralelo, já tínhamos manifestações marcadas para esta data, com o mote original: Educação contra a Reforma Previdenciária. Com essa nova onda de ataques, a mobilização ganha ainda mais fôlego e resulta na greve de um dia, não apenas em escolas públicas, mas também em muitas escolas particulares: contra os múltiplos ataques à Educação, da mudança nas regras de aposentadoria para professoras aos cortes orçamentários e outras arbitrariedades do MEC.

Pois bem, continuamos com nossas análises que vão ganhando novos contornos com o desenrolar dos acontecimentos.

Aproveitando esse dia de mobilização, destacamos as falas do ministro que dizem respeito ao papel da escola e dos professores e a relação com os pais dos estudantes. Weintraub dedica um bom tempo para advogar um maior investimento na educação infantil. Nesse ponto concordamos com ele:

Ainda temos 10% das crianças sem ser assistidas pela pré escola. Falando pelos pais e mães que já passaram por essa experiência, fora os educadores, que têm muito mais experiência, eles sabem como é importante, antes da criança chegar no primeiro aninho, ela ter tido contato, um contato lúdico com música, com as letrinhas, com os sons, os fonemas… para a professora, quando recepcionar essa criancinha no primeiro ano, ela não começar o trabalho do zero. E não é só trabalho de educar no sentido estrito de ler e escrever. É toda a liturgia da escola. Porque uma criança em casa tem um comportamento, e na escola é outro mundo, outra realidade: tem que respeitar a professora, tem que falar com os coleguinhas, respeitar o regulamento. Então essa liturgia, esse aprendizado, se ele começa cedo, acho que há chance de sucesso.

A contradição que precisamos apontar nessa fala é o fato de que o governo Bolsonaro vem tomando medidas no sentido oposto: o de fomentar o ensino domiciliar. Essa modalidade retira das crianças tanto o investimento público quanto essa oportunidade de socialização defendida pelo ministro.

A segunda fala do ministro com a qual temos de concordar é sobre trazer a família para o processo educacional. Essa ideia vai na contramão de suas falas anteriores que estimulavam um clima belicoso entre professores e as famílias dos estudantes. O fato é os ataques direcionados a escola pública têm sido tão brutais que a reação veio de todos que se importam com a educação como um todo. E no quesito relacionamento entre escolas, pais e professores, observamos diferentes abordagens frente à mobilização no dia de hoje, com as escolas públicas dando um belo exemplo:

Em escolas privadas, que vêm paulatinamente sendo compradas por ou geridas como grandes grupos empresariais, vemos a direção da escola se eximir do debate, deixando acirrar o clima de guerra entre pais e professores.

Do outro lado, em escolas públicas, vimos o convite aos pais para comparecer a uma reunião para que professores pudessem explicar os motivos para paralisação, buscando justamente essa aproximação mencionada pelo ministro.

E hoje, ao longo de todo o dia, as redes sociais sendo inundadas de imagens lindas de aulas públicas e atividades educativas nas ruas de todo o país, organizadas por universidades públicas, institutos federais, escolas públicas e particulares: educadores e famílias unidos em defesa de uma educação de qualidade!


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