O Acordo Nocivo entre Mercosul e UE

Indústria
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Exemplo do México com o Nafta não permite entusiasmo do Brasil.

Após 20 anos de negociações, foi fechado nesta sexta-feira o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. A avaliação do que foi acertado vai do otimismo de líderes da indústria à crítica de setores nacionalistas, que chegam a dizer que o acordo foi novo 7×1 contra o Brasil.

A indústria nacional não estaria preparada para concorrer com os produtos europeus, analisa Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM/SP, em entrevista ao Sputnik Brasil. “Em termos práticos, a adesão para a indústria automotiva à abertura de tarifa zero para entrada de automóveis europeus no Brasil, que era de 15 anos, passou para dez anos, e caiu o período de carência de cinco anos. Na prática, nós vamos sofrer uma concorrência brutal”, alertou o especialista.

Uma comparação com as promessas feitas ao México em 1994, quando foi criado o Nafta, acordo entre o país, EUA e Canadá, e a realidade pode alertar os brasileiros para não repetirem os erros dos mexicanos. Análise feita pelo Center for Economic and Policy Research (CEPR) mostra que, 20 anos após o Nafta, o México figurava em 18º entre 20 países da América Latina no que tange ao crescimento do PIB real per capita, a medida econômica mais básica em termos de padrão de vida.

O crescimento do PIB per capita do México, de 18,6% nos últimos 20 anos, é quase a metade da taxa de crescimento alcançada pelo resto da América Latina. A taxa de pobreza caiu de 45,1% para 37,1%, redução muito menor qo que no resto da região (de 46% 26%). O salário real (ajustado pela inflação) teve um aumento de apenas 2,3% ao longo de 18 anos.

“O acordo Mercosul/UE é profundamente desigual: abre os mercados de capitais, serviços e bens industrializados sul-americanos em troca de cotas agrícolas. O impasse na negociação só foi superado porque Bolsonaro e Macri atenderam a todas as demandas europeias sem contrapartida”, protestou o candidato a presidente pelo PSOL em 2018, Guilherme Boulos.

Trevisan, da ESPM, lembra que o acordo ainda precisa ser ratificado por todos os estados da UE para entrar em vigor. “Esse processo será longo, e não há previsibilidade de que ele será como é hoje”, ponderou. “Precisamos de um pouco mais de calma para comemorar ou chorar em cima desse acordo”, resumiu o professor.

Com informações Monitor Digital


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