[OPINIÃO] – Bolsonaro é um produto da crise Americana

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Bolsonaro é produto da crise americana de 2007, quando a premissa do capitalismo como sistema auto-regulável ruiu, obrigando o governo estadunidense a tirar bilhões de dólares do contribuinte para evitar a quebra de bancos privados.

Temendo o mesmo fim, uma a uma, as nações europeias foram descendo do bonde americano e se entregando ao welfare state. Surgiu então a necessidade de uma nova Doutrina Truman, com o intuito de reaver a submissão comercial dos países latino-americanos, ao mesmo tempo em que adotava postura mais aguerrida no oriente-médio. Urgia a necessidade de fazer dinheiro para sustentar uma América que, por si só, já não se sustentava.

Neste contexto, emergem Netanyahu, Trump, Duterte, Macri, Orbán e Bolsonaro. À exceção dos EUA, todos os outros são países onde o apreço pela democracia e pela segurança jurídica é baixo.

No caso do Brasil, Bolsonaro foi alçado do submundo da política nacional à presidência, com massivo investimento em engenharia de opinião e uso de mecanismos técnico-informacionais. Escolhido sob medida por ser capaz de cooptar a voluntariedade da grande massa conservadora, temerosa com a ameaça ao rentismo e a contração do trabalho doméstico, além dos desavisados descrentes do modelo democrático, muitos dos quais sequer haviam visto um discurso seu.

Em síntese, Bolsonaro nem ao menos está na presidência para fazer valer a agenda conservadora. Esta é apenas um meio. O fim, e talvez nem ele próprio entenda, é destruir a competitividade internacional do Brasil e submetê-lo ao papel de escada para a definitiva recuperação econômica estadunidense.

Com 60 dias de governo, declarações desastrosas de Bolsonaro já haviam nos dado prejuízos na casa dos 140 bilhões em exportação de soja, frango, gado… com 100 dias, os prejuízos já alcançaram a indústria do couro, o agronegócio, o minério… E o governo americano sempre está na hora e no lugar exato de firmar os acordos comerciais que o governo brasileiro perde por tolices anti-diplomáticas.

Mauro Vaz Júnior


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