Sínodo da Amazônia desagrada a Jair Bolsonaro

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O jornal Libération desta quinta-feira (24) traz uma reportagem especial sobre o Sínodo da Amazônia, que está sendo realizado até domingo (27) no Vaticano, e se concentra no debate dos bispos sobre a possibilidade de que homens casados se tornem padres. Para o diário, o evento, que tem também o objetivo de colocar em prática estratégias contra a expansão dos evangélicos no Brasil, é mal visto pelo presidente Jair Bolsonaro, “que é contra ecologistas e contra índios”.

“Senhor padre e sua esposa” é a manchete de capa do Libération, que explica que essa questão pode, em breve, deixar de ser um tabu na Igreja Católica, graças ao Sínodo da Amazônia. O papa Francisco está disposto a abrir essa concessão para lutar contra o “deserto de padres” em regiões afastadas da floresta, além da liderança de mulheres em comunidades cristãs, “um momento histórico no Vaticano”, classifica o jornal.

No entanto, segundo Libération, o evento ocorre no pior momento do governo Bolsonaro, alvo de críticas devido à crise em relação aos incêndios na Amazônia. O diário publica que presidente brasileiro denuncia o caráter político do Sínodo que, como lembra Libé, foi convocado em 2017, bem antes da chegada de Bolsonaro ao poder. Por isso, “o governo encarregou o Gabinete de Segurança Institucional a monitorar o encontro, visto como um ‘ataque à soberania nacional'”, afirma a matéria.

Motivos da discórdia

O jornal salienta que as desavenças de Bolsonaro com a Igreja Católica não são novas. Durante sua campanha, o líder da extrema-direita acusou os bispos de serem “a parte podre” da instituição. Entrevistado pelo diário, o teólogo Paulo Suess, do Conselho Indigenista Missionário, afirma que Bolsonaro despreza a Igreja Católica e que o presidente prefere os evangélicos, em particular os pentecostais ultraconservadores, que defendem suas ideias.

Já na opinião de Frei Betto, também entrevistado por Libé, o Sínodo contraria Bolsonaro porque os religiosos da Amazônia são a linha de frente contra o “ecocídio e o genocídio que se anunciam”. Para Frei Betto, o evento “denuncia as políticas do governo contra a Amazônia, o encorajamento de práticas criminosas da indústria mineira, do agronegócio e de todos aqueles que querem explorar a floresta em detrimento das populações que lá vivem, principalmente os índios”.

Libération acredita que a Igreja Católica do Brasil seja uma das poucas formas de resistência da sufocada esquerda do país, representando um perigo para Bolsonaro. O jornal lembra que o braço progressista da instituição, sem jamais ser dominante, apoiou a criação do Partidos dos Trabalhadores, o que não impediu, por exemplo, que os bispos denunciassem os prejuízos à natureza e à população nativa com a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, durante o governo de Dilma Rousseff. “Mas com a extrema direita militarista, autoritária e assimilacionista, a guerra está declarada”, conclui Libération.

Com informações RFI Brasil


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