ANÁLISE – Bolsonaro joga na Mega da Virada e a “esquerda” racha o bolão

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Em mais um ano de dilapidação do patrimônio público, a pauta diversionista ganha um presente de natal para fazer a rachadinha dos bens usurpados do povo brasileiro.

Um governo é feito por situação e oposição, mas no Brasil esses dois lados se comportam como sócios na divisão do espólio do Estado de bem-estar social que nunca chegamos a alcançar. Neste natal a falsa assimetria entre a direita liberal e a direita conservadora, que tomou todos os campos políticos no país, foi coroada com uma guerra entre galinhas verdes e frangas de grife. Um suposto atentado à varanda do estúdio de um portal de esquetes descoladas na zona nobre do Rio, que se autodenomina como uma alegoria ao orifício excretor, ajudou a inflar a polêmica em torno de um episódio especial em homenagem ao principal feriado cristão do capitalismo global. Junto da ira de devotos mais ou menos fiéis, no país com maior número de praticantes do cristianismo no mundo, foi divulgado um vídeo atribuindo o ataque ao caricato “Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira”.

O vídeo dos supostos autores da fogueira inquisitória da Zona Sul faz referência à Ação Integralista Brasileira, um movimento político ultranacionalista, conservador, católico, criado em 1932 pelo jornalista Plínio Salgado, que ficou conhecido nacionalmente por seus uniformes verdes. A AIB tinha inspiração e financiamento vindos do fascismo italiano e foi extremamente ativa nos anos 1930 até sua extinção por Getúlio Vargas, em 1937, que negou-lhes o comando do Ministério da Educação no Estado Novo. O integralismo contou entre suas fileiras com intelectuais de peso, como Abdias do Nascimento, um dos criadores do Movimento Negro Unificado, em 1978, e mentor do Dia da Consciência Negra, em 2006, quando atuava no Partido Democrático Trabalhista, o PDT.

Entretanto, os integralistas atuais correram para negar a autoria do vídeo e do atentado à sacada do bairro nobre carioca. De fato, os erros crassos com relação aos preceitos do Manifesto fundador da AIB, como o discurso com voz distorcida, a imagem da bandeira monarquista e o uso de máscaras por seus membros. O vídeo foi divulgado por meio de portais de redes sociaisalegóricos, como o Ursal Network e os nerds ninjas de apartamento. Por seu estilo, o vídeo deixa a impressão de que eventualmente o roteiro e a produção das imagens possam ter sido realizados pelos próprios criadores de esquetes blaséna zona sul. Obviamente, os próceres de direita liberal que tomaram conta da esquerda brasileira, majoritariamente do Partido Socialista do Leblon, levantaram-se contra a heresia de violação ao seu patrimônio, clamando por ações enérgicas do ex-juiz de província e atual ministro da justiça e segurança pública, Sergio Moro, para combater o terrorismo no Brasil. Uma vez mais, a franquia brasileira da guerra ao terror faz coro com a matriz norte-americana pelo uso do aparato repressivo da juristocracia criado pela ex-mandatária da República tupiniquim. Os especialistas em discursos utilizando cadáveres como palanque chegaram a se comparar aos cartunistas do jornal satírico francês Charlie Hebdo, no qual um atentado real deixou 12 mortos, em janeiro de 2015.

No país onde a direita progressista celebrou recentemente o aumento do poder punitivista do judiciário pela inclusão no regime jurídico do crime por analogia, com a equiparação da homofobia ao racismo, a retratação de um Jesus gay e de uma Maria Madalena drogada e prostituída aparentemente segue reservada ao campo do humor e não avança sobre o terreno espinhoso da intolerância religiosa, que se restringe, para eles, às manifestações de matriz africana. Contudo, a direita conservadora, que ora ocupa a posição de situação no cenário político nacional, aproveitou o ensejo diversionista para promover o já tradicional desvio de foco da opinião pública, juntamente de seus sócios flowerpower coloridos.

Aumento no preço do gás, extinção dos cargos de agentes públicos de saúde, desabastecimento de carne na mesa do povo, monitoramento de mensagens em provedores de internet e até a inovação no código de processo penal foram sublimados e ocultados neste fim de ano pela pauta diversionista da parceria público-privada, progressista e conservadora, que tomou conta do país. Um presente de natal merecido para uma situação e uma oposição siamesas, que trabalharam ao longo de 2019 com afinco para a entrega do patrimônio nacional para estrangeiros das mais variadas matizes. Sejam eles estadunidenses, canadenses, franceses, alemães, noruegueses, suecos, chineses, cada qual recebeu seu quinhão da parte que lhes cabe deste latifúndio, menos os brasileiros, que seguem perfeitamente domesticados sob comando político híbrido dos banqueiros sionistas e de seus representantes nativos. Uma vez mais o liberalismo progressista retrata de forma caricata os ideais e valores nacionalistas do Brasil, atendendo de forma exemplar aos interesses de seus financiadores transnacionais, completamente seduzidos pela capacidade financistados verdadeiros algozes da soberania do país.

Autor do texto: Diogo Oliveira


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