Hospital Municipal Albert Schweitzer fecha as portas por falta de insumos e pessoal

Gostou? Compartilhe!

O Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, fechou as portas na tarde desta sexta-feira. O encerramento das atividades aconteceu por volta das 17h30.

Segundo um funcionário do hospital, que preferiu não se identificar, a unidade está funcionando apenas para os pacientes de trauma e internação e não há previsão de retorno.

Ainda de acordo com o funcionário, o fechamento foi a única opção, já que, segundo ele, a unidade sofre com falta de técnicos, médicos e materiais.

— Cada setor teve uma reunião com o seu chefe de equipe, e depois só nos foi passada a informação de que deveríamos fechar as portas — disse.

A gari Cátia Cilene, de 48 anos, deixou o hospital às 21h sem saber se o pai será transferido para outra unidade ou se receberá alta mesmo com o quadro de saúde complicado. Sebastião dos Santos, de 74 anos, está internado desde o final da madrugada de quarta-feira, quando deu entrada apresentando hemorragia interna. Com problemas de pressão alta e diabetes, ele só conseguiu fazer exame de endoscopia nesta sexta.

— Não tinha médico para fazer exame. Ele ficou em dieta durante todos esses dias. Agora, tiraram ele da sala vermelha e acomodaram-no na enfermaria. A informação que circula nos corredores é de que os funcionários vão fechar dois andares e trabalhar apenas com metade da equipe — disse a acompanhante, que, quando chegou à unidade nesta sexta, encontrou o pai sem medicação. — Os pacientes estão ao Deus dará.

Crise na saúde e salários atrasados

Pelos corredores, de acordo com os relatos de acompanhantes, funcionários dizem que estão há dois meses sem receber salário e que algumas pessoas estão sobrevivendo de vaquinhas organizadas por amigos.

Uma manifestação dos profissionais da saúde está marcada para este sábado. No evento criado nas redes sociais, os funcionários reivindicam a regularização dos salários atrasados. O protesto será em frente ao Albert Schweitzer.

Uma funcionária do Hospital Pedro II, que também pediu anonimato, lamentou por não poder comparecer a manifestação deste sábado. O motivo é simples: ela não tem dinheiro para chegar até lá.

— Eu queria muito participar, mas, na situação em que me encontro, não tenho dinheiro para pegar o ônibus. Os poucos plantões que eu consigo dar é porque arrumo carona para ir trabalhar — desabafou.

O Hospital Albert passa por problemas há alguns meses. Em abril deste ano, um parto chegou a ser feito às escuras depois de um apagão que durou 3 horas. O gerador da unidade funcionou por apenas 17 minutos.

Em outubro, enquanto o prefeito Marcelo Crivella e o governador Wilson Witzel travavam um jogo de empurra sobre a gestão de dois hospitais da cidade — entre eles, o Albert Schweitzer —, a população sofria para conseguir atendimento médico de qualidade.

No fim daquele mês, Crivella anunciou a devolução dos hospitais Albert Schweitzer e Rocha Faria. As unidades migraram das mãos do estado para a prefeitura em 2016, nas gestões do ex-prefeito Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão. A medida, porém, não se concretizou.

Em novembro, um grupo de manifestantes fechou a Avenida Brasil em protesto por falta de pagamento. Na ocasião, a prefeitura informou que estava trabalhando para tentar resolver o acerto dos salários atrasados.

O que diz a Prefeitura

Ao G1, a Secretaria de Saúde do município informou que, apesar da falta de pagamento, o sindicato dos trabalhadores da saúde prometeu manter 50% do efetivo trabalhando. Segundo a Prefeitura, todos os hospitais da cidade seguem com as portas abertas e atendendo a população de acordo com a classificação de risco.

Com informações: Jornal Extra


Gostou? Compartilhe!