A burguesia, Ciro e Haddad

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Por Ranulfo Vidigal

Enquanto a popularidade dos dirigentes de plantão se recupera, paulatinamente, e as esquerdas patinam na pista buscando a composição de “frentes”, com a turma de liberais cosmopolitas de plantão, chega aos jornais de grande circulação um debate sobre a (in)existência de uma burguesia nacional na terra da jabuticaba e do juro pornográfico.

O representante do partido de Brizola e Darcy Ribeiro deixa claro que, no poder, vai repetir Getúlio Vargas e substituir a falta da classe empreendedora local pelo poder do Estado regulador e pelo instrumento do planejamento governamental – trazendo para o debate a sua vertente nacionalista.

Mas o que predomina hoje afinal na cabeça da elite de plantão ? Um Estado forte para quebra o poder dos sindicatos e movimentos operários; cortar drasticamente os gastos sociais e os direitos, na busca da “desejada” estabilidade monetária, restaurando o desemprego estrutural, necessário para formar um exército reserva de mão de obra que comprime os salários de contratação e gera a desmontagem da capacidade política e financeira dos sindicatos; reforma fiscal que incentive os investimentos privados e recupere a lucratividade perdida, pelo conflito distributivo entre o capital e o trabalho “caro” e de baixa produtividade. Tributação, aliás, que deve ser substituída por uma nova taxação que vai recair mais sobre o trabalho, o consumo e a comercialização da produção, ou seja, nunca sobre os ganhos reais e financeiros.

Talvez seja interessante recordar o Patriarca da Independência, José Bonifácio

Nesse contexto, o Estado tem que se afastar rapidamente da regulação da vida econômica e do gasto em investimento (transformado e parcerias do tipo PPP), deixando para o mercado, com sua racionalidade própria, cuidar do jogo na economia. Isso predominou até recentemente no Chile, por exemplo.

Contraditoriamente, nesse momento, a vitalidade da sociedade brasileira é péssima, porque nos últimos anos estamos na semiestagnação, com altíssimo desemprego e mobilidade social decrescente, pela falta de oportunidades. Aliás, o desemprego não atinge somente os filhos das famílias pobres, mas também a classe média escolarizada.

No quesito justiça, somos a sociedade mais (ou uma das mais) desigual do planeta. Se por um lado, segundo a revista Forbes, possuímos 200 bilionários, de outro, a pobreza extrema atinge mais de 50 milhões de brasileiros. Um verdadeiro espanto!

Talvez seja interessante aproveitar esse debate provocado pelo artigo do ex-prefeito da capital paulista e recordar o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrade e Silva, que, quando se tornou um policymaker no Brasil, adotou discurso e, especialmente, medidas com viés nitidamente nacionalista e intervencionista, apoiando com vigor a indústria manufatureira e não admitindo limitar nosso país à produtividade exclusiva da agricultura e do agronegócio. Portanto…

Ranulfo Vidigal
Economista.

Com informações Monitor Digital


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