Cedae desculpa-se, mas ressarcimento 'não está nos planos da empresa'

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Docentes da UFRJ elaboraram nota técnica contendo constatações e recomendações.

Na tarde desta quarta-feira, a Cedae realizou coletiva para falar sobre a qualidade da água. O presidente da empresa, Helio Cabral – conselheiro de Administração da Samarco quando houve o rompimento da barragem em Mariana -, reiterou não haver problema com a água e a geosmina. Segundo ele, a água, que atende ao exigido pelo Ministério da Saúde, é distribuída pelo reservatório do Guandu, que atende a grande parte da população da Região Metropolitana, e não terá mais a presença da geosmina a partir da semana que vem. Segundo a companhia, essa substância produzida por algas é que provocou o gosto e o cheiro de terra na água distribuída à população.

O presidente da Cedae disse, entretanto, que não poderia dar um prazo de quando a água vai sair das torneiras sem o cheiro e o gosto alterados, pois depende da quantidade de água armazenada nos reservatórios das casas.

Sobre um possível repasse de custo para o consumidor, Helio Cabral disse que o valor gasto não vai onerar o consumidor. Questionado sobre ressarcimento ao consumidor com relação ao gasto com água mineral, ele disse que não está no planejamento da Cedae.

Na coletiva de hoje, Hélio Cabral pediu desculpas à população pelos transtornos ocorridos no sistema de abastecimento de água e reiterou que a geosmina não traz riscos à saúde, mas disse que indenizar clientes não estava no planejamento da empresa. Sobre a água turva relatada por moradores, Cabral disse que a água que sai de Guandu e é medida diariamente em 250 pontos, não apresentou turbidez. Segundo ele, a água de coloração turva apontada por moradores pode ter sido ocasionada por problemas como caixas d’água sem a limpeza necessária.

Um grupo de docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pedido da Reitoria, elaborou nota técnica contendo constatações e recomendações “face aos questionamentos recentes sobre a qualidade da água potável distribuída para consumo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro” e “cientes da responsabilidade acadêmica e social que a UFRJ tem com toda a população.”

Segundo a nota, “há uma evidente degradação ambiental nos mananciais que são utilizados para abastecimento público da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Essa degradação compromete a qualidade da água, dificulta seu tratamento e pode colocar em risco a saúde pública.”

Diz também que “a companhia de saneamento é responsável pelo controle da qualidade da água tratada, respeitando as resoluções legais. A vigilância da qualidade da água é de responsabilidade do setor da Saúde (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde), que deve garantir a segurança e qualidade da água a ser distribuída para a população. A população não deve ser responsabilizada para identificar se a água está ou não adequada ao consumo. Além disso, sem que haja identificação e esclarecimento de uma eventual contaminação, a população também não poderá ser induzida a consumir água mineral ou de qualquer outra fonte. Não atender a essas considerações propicia um cenário que piora a segurança da água, além de ser socialmente injusto, pois impõe um gasto extra para o consumidor que deveria ser atendido de forma adequada pela rede de distribuição.”

Ainda segundo a nota, “a falta de informações claras e precisas também configura um cenário de insegurança. É necessário que haja transparência imediata da real situação da qualidade da água distribuída para consumo pela população do Rio de Janeiro e que os setores responsáveis pelo controle e vigilância da qualidade atuem de forma coordenada, cooperativa e rápida para garantir água segura e de qualidade, conforme determina a legislação. E enquanto a recuperação adequada dos recursos hídricos utilizados para abastecimento público não for realizada, a perspectiva de recorrência de crises semelhantes num futuro próximo é bastante provável. Sendo assim, os investimentos necessários para essa recuperação não podem ser adiados e devem ser considerados prioritários e estratégicos.”

Ontem, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou, pelo Twitter, que havia determinado uma “apuração rigorosa tanto da qualidade da água quanto dos processos de gestão” da Cedae. Para o governador, são “inadmissíveis os transtornos que a população vem sofrendo por causa do problema na água” fornecida pela companhia.

Com informações da Agência Brasil


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