Em mais uma amostra do despreparo do governo, Jair Bolsonaro, propõe que apenas as pessoas idosas e os chamados grupos de risco devam manter a quarentena proposta pelos governadores e que as pessoas fora do grupo de risco voltem ao trabalho e escolas sejam reabertas, nessa reportagem vamos mostrar que essas medidas não solução, pelo contrário vão aumentar os casos de infecção.
Em 2017 o Jornal El país mostrou em uma reportagem que os brasileiros de classe média estão adiando, cada vez mais, a saída da casa dos pais. O índice é ainda maior quando levamos em consideração a classe C. Embora essas pessoas já tenham algum tipo de renda, hoje um a cada quatro jovens de 25 a 34 anos ainda vive com a família. O fenômeno em crescimento no país ganhou até apelido, é a chamada “geração canguru”.
No Brasil, a “geração canguru” é composta majoritariamente por homens (60,2%), segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais (2016) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Clique Aqui e veja a reportagem completa do El País.
Ocorre que o governo Bolsonaro não levou em consideração essa camada da sociedade, caso um jovem da “geração canguru” venha a contrair o novo coronavírus, ele poderá de fato sentir os sintomas de forma fraca e não ser tão afetado, mas como ficam os pais desse jovem? Vou usar como exemplo, a minha própria vida, moro com minha mãe, uma senhora de 63 anos, que possui em seu quadro clínico as seguintes doenças crônicas, diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, caso eu me infecte, seria uma sentença de morte para ela, aí me pergunto a economia vale mais do que a vida de minha mãe? Já respondo que não, é preciso seriedade do governo em propor certas medidas, afinal o empregador está disposto a deixar um colaborador em quarentena para que ele não infecte seus pais idosos ?
Segundo a multinacional de painéis de consumo Kantar, entre julho de 2017 e 2019, o país ganhou 1,2 milhão de novos lares com mais de 65 ano. Do total de 9,4 milhões de lares maduros brasileiros, 64% têm entre uma e duas pessoas, agora levando em consideração que 25% por dos jovens ainda residem com seus pais, teríamos então um cenário de 2,35 milhões de lares com idosos em risco caso, os jovens que não estão no grupo de risco sigam as recomendações de Bolsonaro, ou seja, não estamos falando de 5 ou 7 mil mortes como afirmou o empresário Junior Durski dono do maderos, estamos falando por baixo, mas muito por baixo mesmo de 50 mil mortes, levando em consideração somente a geração canguru.
Vale ressaltar que a maioria dos lares dos brasileiros está localizada na periferia, onde as pessoas vivem em sua grande maioria em casas de 4 cômodos, utilizando o mesmo banheiro e as vezes com no máximo um quarto, agora leve em consideração que algumas pessoas principalmente no nordeste dormem de redes e muitas das vezes 3 pessoas no mesmo local, como essas pessoas farão para não infectarem seus pais idosos ?
Num cenário mais alarmante imaginemos que as escolas sejam reabertas, muitos brasileiros, da chamada “geração canguru” em especial as mulheres, deixam seus filhos com os avós, caso a criança seja testada positiva para o novo coronavírus sentirá menos o efeito da doença, mas poderá infectar os pais e os avós.
Entendemos que a economia terá de reagir e que o país não se sustentará se houver uma paralisação geral da atividade produtiva, mas, quanto vai custar o colapso do sistema de saúde do país ? Quantas vidas se perderão para que essa economia gire ? Vale a pena pagar esse preço ?
Texto: Pedro Oliveira e Ana Fernandes
Edição: Ana Fernandes
Informações: Jornal El País, IBGE, Gauchazh e Guia da farmácia