Banco Central prefere pagar juros a imprimir dinheiro

Gostou? Compartilhe!


Alternativa à ação decidida do governo é um colapso econômico, alerta Henrique Meirelles.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que não é favorável à ideia de o BC imprimir dinheiro como uma das soluções para a atual crise, já que isso poderia elevar os juros neutros. A afirmação foi feita nesta quinta-feira em entrevista por videoconferência ao portal UOL. Campos Neto frisou que “a saída não é por aí”.

“O argumento de que eu vou imprimir dinheiro porque a inflação está relativamente baixa é um argumento perigoso”, avalia Campos Neto. Ele explicou que ao imprimir dinheiro para tentar levar a inflação à meta, a autoridade monetária contribuiria para elevar o equilíbrio de juros neutro da economia.

A proposta, que está sendo adotada por alguns países, entre eles os Estados Unidos, foi reforçada nesta semana pelo ex-presidente do BC (Governo Lula) e ex-ministro da Fazenda (Governo Temer), atual secretário de Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles.

Em entrevista à BBC News Brasil, ele disse que é hora de o Governo Federal aumentar fortemente suas despesas para conter o impacto do coronavírus sobre a saúde e a economia. Isso deve ser feito inclusive com a criação de moeda pelo Banco Central (BC) e com a captação de recursos pelo Tesouro Nacional por meio da emissão de dívida, disse o ex-ministro.

“O Banco Central tem grande espaço de expandir a base monetária, ou seja, imprimir dinheiro, na linguagem mais popular, e, com isso, recompor a economia. Não há risco nenhum de inflação nessa situação”, disse à BBC.

Meirelles discorda da proposta de vender parte das reservas internacionais e diz que é melhor deixar o endividamento subir, mesmo que possa sair do atual patamar de 76% do PIB para próximo de 90%. “A alternativa é um colapso econômico”, alerta.

Esta semana, o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) anunciou uma nova linha de empréstimos de US$ 2,3 trilhões em apoio às empresas e comunidades afetadas pela pandemia, numa tentativa clara de preservar empregos e criar condições para a retomada econômica.

“Chama a atenção o período de quatro anos para a utilização do recurso, o que claramente indica que o Federal Reserve prevê uma recuperação pós-pandemia bem mais lenta do que se imaginava inicialmente”, aponta Ernani Reis, analista da Capital Research.

Com informações Monitor Digital


Gostou? Compartilhe!