Pandemia demonstra a importância do papel do Estado

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Poder público deve coordenar esforços junto ao setor privado pela reindustrialização

As medidas anunciadas pelo governo para combater os efeitos socioeconômicos da crise decorrente da pandemia de coronavírus no Brasil demonstram a importância do papel do Estado, tão maltratado no último período, apontado como a “origem de todos os males” no Brasil. Segundo o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o estado pode fazer mais, articulando junto às empresas um projeto de reindustrialização do Brasil.

O combate à doença desnudou uma série de carências, como a falta de medicamentos, máscaras e equipamentos hospitalares, que poriam ser supridos pela própria indústria nacional.

“Não é possível que um país reconhecido como um dos maiores produtores e exportadores de etanol esteja convivendo com escassez de álcool em gel nas farmácias. É uma deficiência do setor privado que o Estado poderia corrigir com planejamento, chamando o setor para atender esse problema”, afirmou em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (8).

Essa articulação entre Estado e empresas também poderia ser aplicada junto às montadoras de automóveis, para que orientassem a produção à construção de respiradores hospitalares, por exemplo. O mesmo para as indústrias têxtil e farmacêutica. A saída, segundo Pochmann, é estabelecer “condicionantes” para os benefícios concedidos pelo Estado, que tem liberado recursos para socorrer diversos setores da economia.

Bancos públicos

A crise também demonstrou a importância dos bancos públicos, segundo o economista. Alvo de um processo de desmonte desde o governo Temer, com corte de pessoal e venda de ativos, a Caixa Econômica Federal será a principal responsável na coordenação dos esforços para o pagamento do auxílio emergencial a trabalhadores informais, autônomos e desempregados. Outra estatal, a Dataprev, que inclusive consta na lista de privatizações do atual governo, responde pelo cadastramento dos beneficiários.

Nova maioria

Para Pochmann, a pandemia de coronavírus acelerou a formação de uma “nova maioria” na sociedade brasileira, a favor de uma sociedade mais “civilizada”, com investimento em pesquisa, saúde e desenvolvimento industrial. Substitui a mentalidade em vigor, até então, que acreditava que todos os problemas deveriam ser resolvidos pela iniciativa privada. O cenário atual, segundo ele, demonstrou que, sem a participação do Estado na articulação desses esforços, as empresas não conseguem arcar com esses desafios, conduzindo a sociedade à “barbárie”.

Esse novo consenso, além de permitir a cooperação entre o poder público e o setor privado para “reindustrializar” o país, deve evitar também que sejam cometidos “equívocos”, como a implementação do Teto de Gastos, que fez cair em R$ 20 bilhões os investimentos na área da saúde, por exemplo.

Com informações AEPET


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