Cerco judicial a Bolsonaro vai desaguar no TSE. E mexer com as fardas

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Por Raquel Faria


Na segunda-feira (15/6) foram presos apoiadores de Bolsonaro envolvidos em atos antidemocráticos; no dia seguinte houve a operação e quebra de sigilo bancário contra parlamentares aliados do presidente; na quarta o STF validou o inquérito das fake news que mira a comunicação bolsonarista; e ontem a polícia finalmente capturou Fabrício Queiroz, o elo foragido de Flávio Bolsonaro com esquemas financeiros suspeitos. O cerco judicial a Bolsonaro está se fechando. E os riscos ao seu mandato dispararam.

Já se sabe onde vai dar a escala judicial: na corte superior eleitoral, TSE, onde tramitam ações que podem resultar na cassação de Bolsonaro por supostos abusos na campanha em 2018. É aí que o mandato presidencial corre maior perigo.

A via do impeachment parlamentar está interditada, ao menos por ora. Não há votos na Câmara dos Deputados para destituir Bolsonaro como ocorreu a Dilma Rousseff depois que o Centão fechou apoio ao governo em troca de cargos. No âmbito legislativo, o processo contra um presidente é sempre político, não importando gravidade ou volume das denúncias. Vide caso Temer.

Portanto, todas as expectativas dos que querem se livrar do presidente estão depositadas no TSE. A cassação é a solução possível. Mas, nesse caso cai a chapa toda. Bolsonaro levaria junto o vice Mourão e demais militares. Seria a desmilitarização do governo, o que agrada a boa parte da classe política e das chamadas instituições, além de todos os adeptos de movimentos pró-democracia.

A solução TSE, embora pareça fácil, esbarra em dificuldades. Quem substituiria o presidente ? Uma sucessão em circunstâncias tão extraordinárias pode se tornar politicamente desafiadora, tensionando o país com confusões ou disputas. Uma cassação é sempre um trauma. Mas o problema maior pode ser a reação de Bolsonaro e seus seguidores.

É aquele ditado: perdido por um, perdido por mil. A essa altura do confronto com a cúpula do judiciário e, por extensão, com o poder das togas, não faz diferença para Bolsonaro baixar armas ou tentar um ataque decisivo, ou seja, uma intervenção por parte da instância que ele considera acima do Supremo: a militar. O poder das fardas.

Cedo ou tarde, para tentar deter a escalada judicial, Bolsonaro vai ter que mexer os seus peões no tabuleiro, que são membros do Exército e sobretudo das PMs. As tropas leais ao presidente vão cercar tribunais, descumprir ordens ou amotinar-se em quarteis para defender o seu mandato ? Nesse caso, haveria armas se levantando em defesa do outro lado ?

A maioria dos políticos, analistas e jornalistas acha que os fardados não pegarão em armas por Bolsonaro. Os esperançosos confiam que a opinião pública, a imprensa e os contrapesos institucionais serão capazes de frear os militares e policiais. Porém, se estiverem errados, o Brasil pode estar entrando em um dos períodos mais turbulentos e, talvez, violentos de toda a sua história.

Com informações Novos Inconfidentes 


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