A privatização da Eletrobras

Linhas de Transmissão
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Por Pedro Américo M. de Almeida,

A Eletrobras é responsável por 30% da geração, 50% da transmissão e 50% da energia armazenável do Brasil. A Holding, como é chamada, controla as maiores subsidiárias de Energia Elétrica do País, dentre elas estão CHESF, ELETRONORTE, ELETROSUL e FURNAS.

Responsável por 45% da energia que abastece o País, FURNAS está localizada na região Centro-Oeste – Sudeste – Sul e foi criada em 1957 por Juscelino Kubitschek para suprir a demanda de eletricidade, sua missão original consistiu em implantar um sistema integrado de geração e transmissão, mediante o aproveitamento do potencial do rio Grande no trecho das corredeiras de Furnas, perto da cidade de Passos (MG) e da divisa com o estado de São Paulo.

Furnas permaneceu sob controle do BNDE até a constituição da Centrais Elétricas Brasileiras S. A. (Eletrobrás) em junho de 1962, passando então à condição de subsidiária da holding federal, juntamente com a Chesf e mais duas companhias de menor porte.

A empresa manteve elevado grau de autonomia perante a Eletrobrás e foi encarregada de representá-la no trabalho de levantamento dos potenciais hidráulicos e do mercado de energia elétrica da região Sudeste. Esse trabalho estabeleceu a sequência de obras necessárias para o atendimento da demanda de eletricidade da região até 1980.

De acordo com o Wilson Ferreira Junior, presidente da Holding, a empresa é deficitária e perdeu sua capacidade de investimentos. Isto não é verdade, pois em 2016 houve lucro de R$ 3.5 Bi e em 2017, o lucro foi de R$ 1 Bi, já em 2019 terminou com lucro líquido de R$ 10,7 bilhões.

O Governo Federal pretende arrecadar com a privatização da Eletrobrás o valor de R$ 16 Bilhões, mas o interessante é que essa conta não fecha, pois em Setembro de 2019 seu valor de mercado ultrapassou os R$ 72,5 bilhões, mas com a crise do Coronavírus, esse valor vem sendo prejudicado e correríamos o risco de vender a empresa com depreciação desse valor de mercado devido a Pandemia.

Importante saber que o Tesouro Nacional divulgou a sua última estimativa para o déficit primário do setor público consolidado para o ano de 2020: R$ 708,7 bilhões (9,9% do PIB). Em 2019, o déficit foi de R$ 61,9 bilhões, o equivalente a 0,9% do PIB.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no início de julho/20 que o governo pretende levar adiante três ou quatro “grandes” privatizações neste ano e a Eletrobras seria uma dessas companhias e as conversas para retomar a desestatização envolveriam possíveis mudanças no projeto enviado ao Congresso, que poderia voltar a prever a manutenção pelo governo de uma “golden share” na empresa após a mudança de controle.

Para o Ex-Ministro de Minas e Energia, senador Eduardo Braga (MDB-AM), o processo de privatização da Estatal não pode gerar aumento nas tarifas de energia. Nas palavras do Senador, o governo terá que mudar a modelagem, pois acredita que a descotização proposta por Guedes prejudicará a população aumentando consideravelmente a conta de luz.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que não pretende criar nenhuma comissão enquanto o governo não se decidir.

Esse clima de instabilidade e incerteza sobre a Eletrobrás trás dois cenários opostos. O primeiro é que os trabalhadores são os mais penalizados, pois os PDCs (Planos de Demissão Consensuais) avançam de maneira a provocar o enxugamento do quadro funcional drasticamente, apagando a memória técnica da empresa e causando insatisfação no clima organizacional.

O segundo, diferente do que acontece aos trabalhadores, causa mais conforto e contentamento, pois se trata dos acionistas do Mercado Financeiro que através das informações privilegiadas das Ações em Bolsa de Valores, especulam as noticias de venda da Empresa, fazendo com que esses ativos atinjam valores consideráveis aos investidores.

A Eletrobras será em breve a maior geradora e transmissora do mundo, com capacidade de geração renovável, sustentável e plena capacidade de investimento, podendo transmitir energia até mesmo a Países vizinhos da América do Sul. Sua privatização traz prejuízo ao Brasil e põe em risco setores fundamentais de desenvolvimento. O Congresso Nacional deve refletir e decidir para que os nossos setores estratégicos permaneçam gerando emprego e desenvolvimento e não entregá-la aos interesses estrangeiros.

Pedro Américo M de Almeida
Técnico de Manutenção em Furnas
Ex-Diretor da ASEF e Conselheiro do CRT RJ

Com informações Gazeta Revolucionária


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