China pode causar caos global se retaliar com venda de títulos dos EUA, revela analista

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A atual troca de farpas em torno de tarifas entre a China e os EUA poderia forçar Pequim a revidar com a chamada “opção nuclear” – descartando suas vastas reservas de títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Embora a medida seja parcialmente contraproducente para a China, também terá consequências devastadoras para os mercados financeiros globais, afirmou Sourabh Gupta, membro sênior do Instituto para Estudos da China-América, em Washington.

“Nesse caso, haveria caos absoluto nos mercados de câmbio globais e, posteriormente, nos mercados acionários globais”, analisou ele à Russian Today, acrescentando que com relação às taxas de juros “após significativa volatilidade inicial, os efeitos seriam um tanto suaves”. A preocupação é com a avaliação do mercado financeiro, não especificamente as taxas de juros, disse Gupta.


Atualmente, a China possui US$ 1,13 trilhão em títulos do Tesouro dos EUA. Isso é uma fração do total de US$ 22 trilhões em dívidas pendentes nos EUA, mas 17,7% dos diversos títulos mantidos por governos estrangeiros, segundo dados do Tesouro e da Associação dos Setores de Seguros e Mercados Financeiros.

Pequim tem recuado de seu papel no mercado de títulos dos EUA, tendo cortado participação de quase 4% nos últimos 12 meses, mas ainda ocupa o primeiro lugar entre os credores estrangeiros dos Estados Unidos.

Gupta afirmou que, mesmo que o conflito comercial se agrave de forma terrível, ele não acredita que Pequim pare completamente de comprar dívidas dos EUA.

“Há melhores vias de retaliação, como boicotes de bens norte-americanos aos consumidores. Até que a China internacionalize e endureça sua moeda, ela simplesmente não pode se afastar dos mercados de dívida dos EUA […] e isso seria prejudicial a si mesmo”, destacou.

Enquanto isso, William L. Anderson, professor do College of Business da Frostburg State University, acredita que “se a retórica anti-chinesa da Casa Branca continuar, então os chineses comprarão menos dívidas dos EUA, pelo menos no curto prazo”.

Ele avaliou que os consumidores americanos certamente sentiriam o aperto, observando: “Nós também vimos uma séria queda no mercado de ações dos EUA em grande parte por causa dessa desnecessária e destrutiva guerra comercial que tem suas raízes na administração de Donald Trump”.

De acordo com Gupta, os compradores estrangeiros da dívida dos EUA, incluindo a China notavelmente, são jogadores importantes no mercado em um momento em que “a dívida dos EUA como porcentagem do PIB está gradualmente se aproximando de três dígitos”.

Se a China sair parcialmente do mercado de títulos dos EUA, Washington terá que encontrar novos compradores para sua dívida. Isso exigirá taxas de juros mais altas, o que, por sua vez, terá implicações negativas para a economia dos EUA, disse Gupta, acrescentando, no entanto, que “é preciso também manter a perspectiva”.

Ele explicou que os mercados do Tesouro dos EUA são profundos e líquidos, e a saída da China, em um momento em que as taxas de juros já estão próximas de baixas de décadas, apenas causará um modesto aumento nas taxas.

“Como principal emissor de moeda de reserva no sistema monetário internacional, o governo dos EUA poderá financiar suas necessidades de empréstimos de médio prazo sem prejudicar significativamente a economia doméstica. Mas certamente não seria indolor”, completou.

Com informações Sputnik News


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