Alta da gasolina estrangula ganhos de motoristas de aplicativos

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A alta de preço dos combustíveis está estrangulando os ganhos dos motoristas de aplicativo como Uber e 99. Só em janeiro, a gasolina subiu 2,17%, bem acima da inflação média de 0,25%. Como esses profissionais precisam encher o tanque diariamente, cada aumento de preço é uma mordida na remuneração.

Para driblar o aumento de despesa, os motoristas estão fazendo jornadas cada vez mais longas de trabalho e recorrendo a alguns jeitinhos para economizar combustível.

De quanto foi o aumento ? Em quatro semanas, o preço do litro da gasolina subiu 4,3%, atingindo R$ 4,769, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Mas não foi só a gasolina que ficou mais cara. O etanol subiu 2,79% no mesmo período, passando para R$ 3,289. Já o aumento do diesel, criticado pelos caminhoneiros, ficou em 2,09%, indo para R$ 3,762.

Por que os motoristas de app se queixam ? Porque como eles são autônomos, todos os gastos com a prestação do serviço saem do próprio bolso. Isso inclui as despesas com combustível, seguro e manutenção do veículo.

Como isso afeta financeiramente ? Como o custo para abastecer subiu muito, a parte que sobra dos ganhos com o transporte de passageiros fica ainda menor. Os motoristas pagam um percentual de cada corrida para os aplicativos – a taxa pode chegar a 40% em algumas situações.

“Para piorar, estamos há mais de 5 anos sem reajuste no valor pago pelos aplicativos”, afirma Roni Santos, que trabalha como motorista de aplicativo há três anos.

Quanto eles ganham ? Os aplicativos não revelam de quanto é essa remuneração e dizem que o valor é resultado de uma série de variáveis, como distância, tempo da corrida e demanda de passageiros.

Mas uma tabela que circula em grupos de motoristas exemplifica como funciona essa remuneração na cidade de São Paulo:

Saída: R$ 1,50

Quilômetro: R$ 1,05

Minuto: R$ 0,19

Viagem curta (valor mínimo): R$ 5,25

De acordo com essa tabela, os valores podem variar de acordo com a categoria do veículo (Comfort, Bag e Black pagam mais) ou eventuais promoções (que reduzem ainda mais a remuneração). Em outras cidades, os valores repassados são ainda menores.

O que os motoristas fazem ? Roni diz que os motoristas conversam em grupos de WhatsApp e a maioria relata a mesma coisa. “A única solução é trabalhar mais. Quem trabalhava oito, dez horas, está fazendo 14, 16 horas por dia. Eu mesmo ando puxando 21 horas, desde as 5h na rua. A gente tem que puxar mais horas para pagar o combustível e depois fazer o nosso ganho.”

O motorista se queixa ainda de outros problemas, como a queda no número de chamadas e congelamento de tarifas. “Por conta da pandemia, está demorando muito para o aplicativo tocar [chamar para corrida]. E a tarifa do Uber não sobe, tudo sobe, menos a tarifa que o motorista recebe. ”

Que mais os motoristas fazem ? Quem pode, segundo ele, está adaptando o veículo para rodar com gás. Além disso, Roni diz que tenta seguir algumas dicas para gastar menos combustível:

  • Abastecer em posto de confiança
  • Manutenção em dia, principalmente do cabo de vela
  • Não forçar o carro

“Tem que ter o pé leve, não acelerar desnecessariamente para não gastar muito combustível”, afirma o motorista de app.

O que as empresas dizem ? A 99 informou que lançou em 2020 dois produtos para aumentar a demanda pelo serviço: um que garante mais demanda e outro que permite que o profissional faça entregas. “O 99 Entrega resultou em elevação média de 21% a 26% na remuneração dos motoristas parceiros que correm pela categoria.”

A empresa citou ainda um programa de relacionamento que oferece descontos em diversos parceiros, como cursos de capacitação, acesso a serviços de auxílio para recursos a multas e reparo veicular.

A Uber não se pronunciou.

Com informações 6 Minutos


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