Rejeição a Bolsonaro chega quase a 50%

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A rejeição à gestão Bolsonaro está consolidada, segundo demonstram os cálculos da Inteligência Artificial Modalmais/AP Exata divulgada na última sexta-feira. No entanto, houve ligeira melhora na imagem do governo ao longo da semana e hoje a tendência aponta para a possibilidade de a aprovação voltar ao patamar dos 30%, nos próximos dias. Mas as variações revelam também que esse é o teto, no cenário atual.

O percentual de pessoas que avaliam a gestão como ruim/péssima é de 47,8%; 27,9% consideram o governo bom/ótimo; e 24,4%, como regular. A margem de erro é de três pontos percentuais.

A CPI da Covid não tem afetado a imagem do governo, nem a do presidente da República. Desde o início das conversações em torno da instalação da Comissão, e mesmo após o início dos trabalhos, não houve alterações significativas na avaliação do governo ou de Jair Bolsonaro.

Isso ocorre porque a CPI está no campo da polarização política. A militância governista conseguiu se apropriar de parte da narrativa em torno da Comissão, ao intensificar ataques a governadores e prefeitos, reforçando a ideia de que gestores estaduais e municipais também serão investigados. Uma das narrativas que mais se consolidou foi a de que o volume de ocupação de leitos de UTI no país voltou a cair após o anúncio da CPI. Ou seja, internautas simpatizantes do governo conseguiram massificar a ideia de que os governadores, pressionados pela CPI, liberaram leitos.

A credibilidade do ministro da Economia chegou a níveis bastante baixos perante os internautas. Paulo Guedes tem sofrido forte campanha negativa nas redes, que o colocam como uma peça já sem grande poder de decisão e também como alguém inábil para lidar com os problemas econômicos do país, sobretudo a inflação.

Além disso, recentes declarações de Guedes, com ataques à China, confabulações em relação ao peso da expectativa de vida nas contas públicas e críticas ao Fies, deram a ele uma imagem de insensibilidade e inabilidade política e social.

A oposição rapidamente o acusou de “odiar pobres”, fazendo com que essa narrativa ganhasse corpo nas redes.

A militância governista não se mostrou disposta a defender Guedes, evidenciando a progressiva perda de confiança em suas soluções econômicas, sobretudo depois do Orçamento 2021, considerado desastroso, e pelo remanejamento da equipe.

Crescem as especulações de que ele pode deixar o governo sem fazer falta, uma vez que teria sido atropelado pela agenda política.

Ricardo Salles se fortaleceu perante conservadores, que identificam no ministro um dos esteios contra “o establishment” que, segundo eles, prejudica o desenvolvimento do país, por ter ligações com a esquerda comunista e com ONGs que se beneficiam da política ambiental para obter recursos.

Esse grupo considera que Salles tem um perfil semelhante ao dos ex-ministros Ernesto Araújo e Abraham Weintraub e teme que o governo perca mais um pilar ideológico.

Apesar do crescimento político de Salles perante a ala mais radical, que o enxerga como força política, fora dessa bolha o ministro tem se enfraquecido. A tentativa da oposição de criar uma CPI na Câmara para investigar o envolvimento do ministro e de parlamentares na liberação de madeira apreendida na Região Amazônica demonstra que há uma agenda que pressiona pela substituição dele do cargo. Apesar da ideia de se instalar uma Comissão, opositores ao governo se manifestam nas redes referindo que Salles tem sido protegido por políticos e empresários que se beneficiam com o relaxamento das fiscalizações ambientais. Nessa queda de braço entra a ala ideológica de apoiadores do governo e pressões externas.

Até o momento, Bolsonaro demonstrou que vai prestigiar os aliados e Salles termina esta semana mais fortalecido do que estava na semana anterior. Os trabalhos dificilmente irão afetar a popularidade do governo, caso a CPI não levante novas questões além das acusações já conhecidas, que são o estímulo ao uso de medicamentos de eficácia não comprovada, atraso na compra das vacinas, as críticas à eficácia dos lockdowns (confinamento) e o estímulo ao negacionismo em relação às medidas preventivas como uso de máscaras e distanciamento.

Apenas fatos novos, sobretudo relacionados a eventuais contratos suspeitos, poderão modificar o quadro atual.

Isso estabeleceria uma nova dinâmica nas redes, fora do espectro já conhecido, que não apresenta novidade alguma na guerra política e que já retirou do presidente da República afatia de popularidade identificada por meio da queda de aprovação da gestão apresentada em pesquisas pré-CPI.

Apesar de a semana ter sido mais negativa para o governo, o presidente da República se beneficiou da militância digital que atacou adversários e o defendeu nas redes.

O Brasil chegou a 400 mil mortes por Covid-19, mas o país tem registrado baixa na média de novos casos e de mortes. Apesar dos números ainda serem alarmantes, observamos nas redes uma diminuição dos pedidos de confinamento e um sentimento mais positivo em relação à uma possível redução dos impactos da pandemia.

No entanto, especialistas alertam que inda não é hora para o país baixar a guarda e temem uma terceira onda, até mesmo a possibilidade de surgirem novas cepas resistentes às vacinas.

Ainda em relação à pandemia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ficou em evidência na semana passada por recusar a importação da Sputnik V e destacar riscos da vacina, o que gerou acusações internacionais dos russos ao país e ameaça de judicialização do caso. O relatório da Anvisa foi o suficiente para que os internautas passassem a temer a Sputnik V, o que deve finalizar a expectativa de governadores de adquirirem o imunizante. Se o caso da vacina russa foi bem percebido pelas redes, o mesmo não ocorreu com a decisão da Anvisa em atrasar testes clínicos em humanos da Butanvac. Perfis de esquerda desconfiam de interferência política na Agência.

O medo permanece como principal sentimento associado a publicações que mencionam o presidente Bolsonaro.

Economistas e liberais consideram fundamental que o Congresso retome as discussões das reformas tributária e administrativa. Perfis de oposição ao governo alegam que as reformas estão sendo colocadas em pauta precisamente porque o mercado ficará de olho na Câmara e poderá ignorar as descobertas da CPI da Pandemia no Senado, mesmo que muito negativas para o presidente da República.

Apesar disso, a falta de sintonia do Planalto com o Colégio de Líderes da Câmara ficou evidente após o líder do governo na casa, Ricardo Barros, propor a votação da reforma em quatro etapas, sem ter conversado sobre o assunto com seus pares. Essa falta de tato político acendeu uma luz amarela em torno do que poderá ser aprovado nessa reforma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 30 de abril, em 145 cidades de todos os estados brasileiros.

Com informações Monitor Digital


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