Governo deu R$ 84,6 milhões a empreiteira que domina licitações com empresa de fachada

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A Engefort receberá, ao todo, cerca de R$ 620 milhões do governo federal

A maior parte das licitações para pavimentação de rodovias realizadas pelo governo Bolsonaro tem sido vencida pela empreiteira Engefort, que utiliza uma segunda empresa de fachada para simular concorrência.

A empresa receberá, ao todo, cerca de R$ 620 milhões do governo federal, dos quais R$ 84,6 milhões já foram pagos. O caso foi apurado pela Folha de S.Paulo.

A Engefort é a empresa que mais recebeu dinheiro da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no ano de 2021.

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A Engefort foi a única empreiteira que participou de todas essas licitações no Distrito Federal e nos 15 estados abrangidos pela Codevasf.

A Codevasf é a empresa federal que está no centro do escândalo das verbas das emendas parlamentares – também conhecidas como “orçamento secreto ou paralelo” – em troca de apoio político ao governo Bolsonaro. O ‘orçamento secreto’ tem reservados R$ 16,5 bilhões para este ano.

O presidente da Codevasf, Marcelo Andrade Moreira Pinto, chegou ao cargo por uma acordo feito entre Jair Bolsonaro e o ex-líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA).

As licitações têm sido feitas através de pregões eletrônicos, formato que facilita, pela falta de fiscalização, casos de desvios, superfaturamento, corrupção e serviços precários.

Em alguns dos pregões vencidos pela Engefort, a empreiteira usou uma empresa de fachada, chamada Del Construtora, para simular uma disputa pelo pregão e, assim, conseguir um preço maior nos contratos.

A Del é administrada por Antonio Carlos Del Castilho Júnior, que é irmão dos donos da Engefort, Carlos Eduardo Del Castilho e Carla Cristiane Del Castilho.

A falsa concorrência aconteceu, por exemplo, em um pregão para uma pavimentação no Amapá, no valor de R$ 62,5 milhões, e outro para pavimentação em áreas rurais do Maranhão, de R$ 55 milhões.

Mesmo apresentando uma proposta inicial, a Del não enviou os documentos necessários para continuar na disputa. Por isso, a empresa foi desclassificada do pregão e a Engefort conseguiu ganhar a licitação mesmo cobrando um preço elevado para as obras.

A Engefort também ganhou licitações em que foi a única a apresentar uma proposta para as obras pagas pelo governo federal. Mesmo nesses casos, a Engefort conseguiu ganhar o pregão colocando um valor 0,01% inferior ao valor de referência da licitação.

A Folha de S.Paulo ligou para a Del para perguntar sobre a falsa concorrência nos pregões. Segundo a secretária que atendeu o telefonema, a Del Construtora “também faz parte da Engefort. São dos mesmos donos, na verdade, da mesma família”.

O jornal também foi até Imperatriz, no Maranhão, onde as duas empresas são sediadas. O endereço onde, segundo a Del, fica sua sede não existe.

Um morador da região, Guilherme Santos Reis, falou que “nunca teve nada de construtora por aqui”.

Obras feitas pela Engefort, pagas pela Condevasf, em Imperatriz passaram a apresentar problemas pouco tempo depois da inauguração. Quatro meses depois da entrega da obra da avenida Manoel Ribeiro, que custou R$ 3,8 milhões, a rua já apresentava buracos e deformações.

Francisco Pimentel de Brito, agricultor de Imperatriz, mora à beira da avenida Manoel Ribeiro e contou que a via também tem problemas de drenagem.

O caminhoneiro Natal Ferreira, que sempre passa por essa rua, acredita que “alguma coisa acontece aí para não ficar bem feito. É um desperdício de dinheiro”.

Com informações a Hora do Povo


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